quinta-feira, 30 de agosto de 2012

CAIXA PRETA # 84




30 de agosto de 2012

EM DEFESA DO JATINHO (E DO TURBOÉLICE, E DA AERONAVE A PISTÃO...)

Você, que tem pelo menos um automóvel, eu digo que você é um folgado, um exibido, um riquinho (no sentido mais pejorativo possível). Diante disso, você vai me responder negando e agregando que apenas usa o carro para ir trabalhar e que sem carro (apesar do trânsito em São Paulo, por exemplo) não dá para exercer sua profissão, a de representante comercial, por exemplo. E que mesmo que o transporte coletivo fosse maravilhoso, não daria para fazer o que faz, especialmente nos compromissos mais distantes,sem um automóvel.
Olhe, agora, para os aviões executivos, comumente chamados de jatinhos (às vezes, a imprensa não-especializada chama até os turboélices de jatinhos...). A grande a maioria dos vôos feitos a bordo dessas aeronaves são com o intuito de se deslocar para trabalhar, fazer negócios e, consequentemente, gerar empregos.
Quando eu comecei a escrever sobre aviação, eu também tinha um certo preconceito contra os “jatinhos”. Mas, quando comecei a escrever sobre aviação executiva na extinta “Aviação em Revista”, pude ir conhecendo melhor a importância desse segmento da aviação civil. Mesmo que nosso transporte aéreo regular fosse perfeito como todos sonham, sem apagão aéreo e congestionamentos em aerovias próximos aos principais aeroportos, ainda assim, pelo menos em alguns compromissos, empresários, artistas, esportistas não escapariam de perder um tempo precioso para se deslocar entre um aeroporto grande e uma cidade bem pequena em uma área rural, e daí teria que fazer esse trajeto de automóvel ou em uma aeronave pequena, que seu destino final comportasse.
Portanto, é recomendável que não só se olhe para os aviões e helicópteros executivos pensando na importância desse transporte onde altas decisões podem ser tomadas trabalhando-se confortavelmente a bordo (e com privacidade) mas também que se apóie esse segmento da aviação em todos os níveis, tratando-a com a mesma importância da  aviação comercial.
E quanto às “amenindades” a bordo, tão exploradas pela imprensa não especializada, como chuveiro, cama, barzinho etc... Quem não gosta e não mereça isso para ir trabalhar confortavelmente ? basta você olhar para o seu carro, analisar o que você gosta que ele tenha ou o que você gostaria de colocar dentro dele para você se sentir melhor e chegar descansado ao seu destino?

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C R Í T I C A

Pela nona vez estive acompanhando uma edição da Labace – Latin American Business Aviation Conference & Exhibition, ou, simplesmente, a feira de aviação executiva realizada anualmente em São Paulo. Mais uma vez eu fiquei intrigada com a diferença de tratamento dispensado à imprensa, especialmente à especializada, por parte de uma empresa presente ao evento, a Gulfstream Aerospace. Foi a única empresa onde não nos deixaram fotografar dentro das aeronaves, preferindo, como no meu caso, me dar um pendrive com as imagens. A desculpa foi “os clientes não gostam da imprensa dentro quando eles estão visitando o(s) avião(ões)”.  Tudo bem, se não temos milhões de dólares para comprarmos uma aeronave daquelas, pelo menos podemos divulgar para quem não estava na feira como ela é, não é mesmo? E ter fotos exclusivas é o diferencial de uma publicação para outra. Além disso, também preferimos fotografar quando o cliente não está a bordo, e ele não está lá dentro o tempo todo.
Mas, tem nada não. Do lado da Gulfstream estava a Bombardier, que faltou nos colocar sobre tapetes vermelhos de tanta atenção que nos deram. Para facilitar o nosso trabalho e agradar também os clientes em potencial, agendaram um horário antes do de abertura da feira, no dia seguinte, para podermos entrar e fazer fotos à vontade. Pontos para eles!  E não era só porque a arqui-rival Embraer estava perto, observando tudinho...
Por outro lado, acredito que a Gulfstream deve, como as outras empresas presentes, ter permitido que aqueles bandos de alunos de cursos de aviação entrassem dentro das aeronaves VIP expostas, um público que também não teria cacife para comprá-las, (nem mesmo pagaram 200 reais de entrada da feira), muito menos teriam a intenção de divulgar as qualidades dos jatos para potenciais compradores (como a imprensa faz), resumindo-se a curiosos, apenas. Em alguns momentos, nas filas para visitação (como vi em um dos Falcon expostos) os estudantes pareciam mais adolescentes indo para shows populares: falando e dando gargalhadas alto, o tempo todo, sem descanso (imagino a bordo, então...). Futuros pilotos de nossa aviação civil, que deveriam se portar desde já como futuros profissionais da área, e que mostraram que não sabiam se portar com o respeito que a profissão exige – saber pilotar e preencher plano de voo não basta.
Bem, espero que, como aconteceu com outra empresa de aviação executiva em relação à imprensa X piolhos de feiras e coletivas, nesses dois casos separe-se o joio do trigo já na próxima edição da Labace.


AINDA LABACE...

“Diversos fabricantes de aeronaves e equipamentos estão entre os expositores da Labace; feira de aviação executiva ocorre até sábado (18)”


Lindas fotos, mas informação incorreta: já imaginou se alguém fosse se programar para ir no sábado? Bateria com a cara na porta, pois a feira se encerrou na sexta-feira, dia 17!!!!!

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VEJAM A SEGUIR MINHA ENTREVISTA COM O MM DR. MARLOS AUGUSTO MELEK (JUIZ AUXILIAR DA CORREGEDORIA NACIONAL DE JUSTIÇA) NA ÍNTEGRA E COM COMENTÁRIOS ADICIONAIS.





“NÓS ARRANJAMOS SOLUÇÃO PARA TUDO”



                                                                                                               Por Solange Galante


O paranaense Marlos Augusto Melek, 36 anos, chegou ao Conselho Nacional de Justiça em setembro de 2010, a convite da ministra Eliana Calmon, corregedora nacional de Justiça. Mas, hoje, ele é conhecido Brasil afora como um verdadeiro caçador de sucatas de aviões devido ao Programa Espaço Livre – Aeroportos. O Programa ocupa apenas 5% de seu precioso tempo na Corregedoria mas já lhe garantiu, até agora e recentemente, duas grandes homenagens: a Comenda Coronel Sarmento, honraria máxima da Polícia Militar do Estado do Paraná, e a Comenda Imperador Dom Pedro II, do Governo do Estado do Mato Grosso do Sul. Tudo começou com o incômodo que os aviões sucateados em todo o País lhe causavam. Então o Dr. Marlos decidiu que era o momento de arregaçar as mangas e dar um fim ao problema.

(Meus comentários adicionais: foi preciso que alguém que tem conhecimentos de aviação resolvesse solucionar os problemas de nossos aeroportos!)

O senhor foi o idealizador do Programa Espaço Livre – Aeroportos. Como tudo começou?
Dr. Marlos – O Programa começou a nascer com o apagão aéreo. Naquela época eu ainda não estava no CNJ mas percebia que havia um enorme vácuo de autoridade aeronáutica no Brasil. Aquele caos todo, pessoas dormindo em aeroportos, acidentes, coincidência ou não, e eu não acredito em coincidência, são encadeamento de fatores. Havia muitas nomeações políticas para a ANAC. Milton Zuanazzi (primeiro diretor-presidente da Agência), com todo respeito, não sabia a diferença entre altitude e altura, e foi nomeado pelo então Presidente da República para ser a maior autoridade aeronáutica do País.

(Pois é, não tinha alguém mais qualificado para um cargo tão importante e estratégico, senhor (hoje) ex-Presidente???!)

Hoje a ANAC melhorou muito, bem como está melhorando todo o setor de aviação civil, mas, na época, aquilo era uma vergonha, e em cada aeroporto em que pousávamos assistíamos àquele cemitério de aviões, e a imprensa criticando – alguma coisa precisava ser feita! Tive uma ideia e a Ministra Eliana Calmon concordou e me deu carta branca para eu poder levar adiante. Primeiro, eu me reuni com todos os órgãos interessados, representantes da ANAC, Infraero, Ministério da Defesa –depois, Secretaria da Aviação Civil – Tribunal de Contas da União, Conselho Nacional do Ministério Público, Ministério Público do Estado de São Paulo, Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Força Aérea Brasileira. Quando eu os convidei para fazer parte do programa, todo mundo me respondeu o seguinte: “não tenho nada a ver com isso”. Na verdade, todos têm. Falei que eu não estava ali procurando culpados, estava ali para resolver o problema, pois o Judiciário tinha sua parcela e a estava assumindo. “Então, assumam também cada um de vocês.” Por exemplo, falei para a ANAC que ela poderia fazer a vistoria dos aviões para decretar ou não seu perecimento. Ela alegou que nunca havia feito isso. “Mas está na Lei, vamos fazer”, respondi. Para a Infraero falei que poderiam pagar os desmontes dos aviões com perecimento. “Mas por que nós pagaríamos os desmontes?” eles quiseram saber. “Porque se vocês se livrarem dos aviões vocês vão ter o espaço operacional ocupado por eles de volta.” E assim por diante, todos receberam incumbências. Criamos as estratégias para superar esses gargalos, e tudo dentro da lei, para conseguir resolver os problemas com criatividade. E naquele evento em Congonhas em fevereiro do ano passado assinamos os documentos para o Programa começar formalmente.

(Pois é, quando há boa vontade, pode-se resolver qualquer coisa. “Por que ninguém havia pensado nisso antes???”)

Desde o lançamento oficial, como o senhor avalia os resultados hoje?
A meta do Programa Espaço Livre – Aeroportos está exatamente dentro do previsto. Porque dos 59 aviões de grande porte que tínhamos em solo no Brasil inteiro, nossa meta era dar destino final à metade até dezembro de 2012. Até agora nós conseguimos destruir oito aviões em Congonhas e um avião inteiro que leiloamos foi para Araraquara (todos da Vasp); desmontamos mais três aeronaves da VarigLog no Galeão e mais uma em Porto Alegre, e temos já licença, a que não cabe mais recurso, para destruir mais 20 aviões da Vasp, sendo que a Infraero está fazendo a licitação para a empresa que vai fazer isso. Dos três Boeing 767 da Transbrasil em Brasília, dois deverão ser destruídos e um vendido inteiro dentro de um prazo de 60 dias. Nós já temos muitas pessoas interessadas em comprar o avião inteiro, recebemos muitos e-mails aqui. Jogamos luz no problema, e esse problema acabou virando uma solução. Já conseguimos vistoriar 90% dos aviões que estão em solo brasileiro, e eu ainda fui criticado por demora, mas temos que fazer as coisas com cautela.

Quais foram os obstáculos? Alguém entrou com recurso contra a destruição desses aviões?
Primeiro, enfrentei resistências dentro do próprio CNJ, onde alegavam que não era atribuição do Conselho fazer isso. Mas aí eu defendi a seguinte tese: se todos os aviões que estão parados, seja por motivos criminais, falências etc estão literalmente enrolados em processos, e nós aqui somos gestores de processos, como que não é nossa competência? Hoje, aqui dentro todo mundo já concorda com isso. Recurso: uma promotora de São Paulo foi ao aeroporto de Congonhas e ficou enfurecida, alegando que não poderíamos desmontar para não prejudicar a massa falida. E ela ainda alegou que os aviões poderiam voar. Mas nós nos preparamos para evitar reclamações desse tipo. A ANAC faz a vistoria para definir ou não o perecimento. Funciona da seguinte forma: dois engenheiros fazem a vistoria do avião, os donos do avião são intimados para acompanhar a vistoria, é tudo muito bem feito, inclui item por item tudo o que tem ou deveria ter dentro do avião. O Conselho da ANAC dá o parecer final e esse laudo vai para o processo judicial. O avaliador judicial vai ver de novo o avião e, com base naquele laudo, faz uma avaliação do valor do bem. No caso das aeronaves da Vasp, elas foram fabricadas para ter 60 mil ciclos mas pousaram pela última vez já com 90 mil! Por isso receberam o parecer de “não aeronavegáveis”, perecimento completo, já eram sucatas. Voltando à promotora, falei para ela: “Se a senhora está me dizendo que os aviões podem voltar a voar, depois de tudo que viu no processo, o laudo que a ANAC fez e o próprio Ministério Público concordou com a avaliação feita, se agora a senhora vem me dizer que não concorda, isso não faz o menor sentido.” Ela recorreu duas vezes, inclusive ao Tribunal de Justiça de São Paulo e perdeu em ambas.

(Se a Justiça não houvesse sido tão lenta antes, para que os aviões não tivessem ficado por tanto tempo parados, se deteriorando...)

E qual o resultado disso para os credores?
Tudo andou realmente muito rápido, por exemplo, mil e poucos trabalhadores da Vasp que trabalharam no período pré-falimentar, que foi de 2005 a 2008, já receberam seus créditos salariais na véspera do Natal do ano passado por conta do Programa Espaço Livre. Pagamos 70% de tudo o que eles tinham direito a receber.

O Programa termina a partir do momento em que não houver mais nenhum desses aviões comerciais parados nos aeroportos?
O Programa tem uma segunda frente: pegar também aviões apreendidos do tráfico de drogas, que também não tinham outro caminho senão apodrecimento em aeroportos brasileiros. Eu andei pelo Brasil inteiro e fizemos o levantamento: mais de cem aviões pequenos apodrecendo. Mais ainda: descobri que mesmo os poucos que haviam sido entregues para as polícias por uma iniciativa louvável dos juízes, também estavam apodrecendo dentro dos hangares delas. Por quê? A polícia usava o avião, e quando chegava a hora de fazer a manutenção, preventiva ou corretiva, não tinham dinheiro ou vontade para fazer mas não queriam que o levassem embora porque era deles. Portanto, não bastava ter um avião e doá-lo, era preciso viabilizar economicamente o uso desse avião. O que fizemos? Por exemplo, juntamos no estado do Mato Grosso, o Tribunal Federal do Trabalho, o Tribunal da Justiça, a Justiça Federal e o Tribunal Regional Eleitoral, quatro Tribunais diferentes que fizeram entre si um termo de cooperação técnica para usar o avião, e um convênio com a Polícia Militar. Cinco órgãos diferentes usando compartilhadamente a mesma aeronave, o que faz com que um monomotor custe para cada órgão apenas três mil e quinhentos reais por mês com tudo incluso: seguro de casco, seguro obrigatório, manutenções, piloto, hangaragem, limpeza e combustível. O compartilhamento de aeronaves é inédito, isso não existia no Judiciário, e viabiliza o uso. Os tribunais não têm expertise, nunca o Poder Judiciário foi operador de uma aeronave, sempre tinha que “pedir” para o governador, gerando, com isso, uma troca de favores perigosa. Mas as polícias sim, têm helicóptero e avião, eles já têm tudo pronto para abastecer e fazer manutenção. E o Judiciário precisa de aviões para os corregedores poderem fazer viagens para fiscalizar presencialmente as unidades judiciárias, as varas, e eles vão, hoje, de carro, gerando custos com diárias, hospedagem, ficando ausentes por muitos dias e cansados. No Amazonas, só se consegue chegar por avião, porque quando o rio sobe não tem acesso por terra, mais de 20 fóruns da Justiça no interior do Amazonas corriam o risco de ser fechados. Conseguimos um monomotor, que fui buscar junto com o piloto no interior de São Paulo, trouxemos para Brasília e fizemos a entrega aqui no hangar da Polícia Federal. O avião recebeu o nome Espaço Livre 1. Depois veio o Espaço Livre 2, e assim por diante. Todos têm um adesivo do CNJ na cauda. O Mato Grosso do Sul recebeu inclusive um avião Baron que hoje serve como uma UTI móvel e atende exclusivamente o SUS (Sistema Único de Saúde), é um projeto piloto para todo o País. Temos até o momento entregues, dentro desse Programa seis aviões, e vamos entregar agora no dia 16 de agosto num grande evento aqui em Brasília, 14 aviões, mono e bimotores, devidamente catologados.

(Evento já realizado.)

São aviões que foram apreendidos com meia tonelada de cocaína ou de crack, e que saem do crime organizado para voar para a Polícia e para a Justiça. É muito gratificante poder fazer isso pelo nosso País.

Então os aviões pertencem ao Poder Judiciário?
Sim. Pegar um avião de um traficante e colocá-lo para voar, é bom até para o traficante. Porque, se lá no final do processo ele provar que ele é inocente, ele recebe o avião voando, e o Estado ainda indenizará as horas, mas isso é difícil de acontecer porque normalmente foi flagrante, com drogas ali dentro. Por isso que o avião tem que ficar no Judiciário. A gente coloca até um adesivo do CNJ na cauda.

Como os aviões são distribuídos?
Fazendo parte do Espaço Livre a Vara não precisa mais enviar à SENAD (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas), um ofício que leva seis meses para chegar e outros seis meses para voltar, só para perguntar para onde ele manda o avião apreendido. A destinação do avião é dada pelo próprio juiz da causa, ele cientifica a SENAD dizendo para onde o avião vai, sabemos onde tem avião de mais ou de menos e podemos orientar o trabalho do juiz, a palavra final continua sendo dele. O segundo pulo do gato desse termo da SENAD com a Corregedoria Nacional de Justiça é que nós conseguimos fazer com que a destinação provisória automaticamente vire definitiva. Imagine que o processo ainda está tramitando, estão sendo colhidas as provas, o sujeito está se defendendo, mas nós não podemos deixar o avião no chão. Então, assim que o avião é apreendido, periciado, já é feita a destinação provisória. O Judiciário que recebe o avião no estado, tem que investir nele. Mas daqui a anos, quando o processo termina, vem a SENAD de Brasília interferir num processo do Paraná, de Campo Grande, de Cuiabá, de Manaus e diz que aquele avião deve ser mandado para Porto Alegre, o que não é justo. Às vezes, foi preciso fazer uma troca de motor, um cheque C, manutenções caras, e de repente, por uma decisão burocrática, sem fundamento técnico, o avião vai para outro lugar. Isso desestimulava muito as pessoas a receberem um avião ou qualquer bem, era um presente de grego. Mas agora é assim, quando dá destinação provisória ela já vai virar definitiva quando o processo terminar. O processo pode levar 10 anos, pode alguém recorrer e chegar até aqui no Supremo, mas o importante é que quando terminar, o avião continua exatamente onde está, isso dá segurança jurídica e financeira para os administradores poderem investir nesse avião.

Quem pilota os aviões?
Os pilotos são da polícia militar. Aliás, no interior do Mato Grosso do Sul, temos 80 fazendas penhoradas pela Justiça na vara de lavagem de Dinheiro Federal e a Justiça não conseguia vender porque quando as pessoas interessadas iam lá elas eram ameaçadas. O que vamos fazer? Já está tudo bem encaminhado para criarmos um centro de capacitação de pilotos para a administração pública no coração do Mato Grosso do Sul. As empresas aéreas também poderão formar pilotos lá. Vamos pegar jovens carentes e eles vão ter a oportunidade de se formar piloto comercial nessa grande fazenda onde vamos construir uma pista enorme, dentro do Programa Espaço Livre. Outro problema que nós enfrentamos, foi que quando o avião do tráfico é apreendido, está totalmente ilegal, sem documento, caderneta de célula, caderneta de hélice, seguro pago. Só que eu cansei de pegar monomotores que faziam Bolívia-Colômbia-São Paulo toda semana, ida e volta! Aí a Polícia Federal apreende, e quando o Judiciário quer usar, a ANAC vem e diz que o avião não pode sair do chão porque não tem documento, nota fiscal, seguro obrigatório, nada. Eu chamei a ANAC e falei “não é possível que apreendam um avião de um milhão de reais, com meia tonelada de cocaína, e aí o avião não pode mais voar. Trocando em miúdos, o traficante fazia até voo internacional durante meses a fio e a Polícia Federal, o Poder Judiciário, o CNJ, a Polícia, não podem. Chegamos à seguinte solução: agora, com o avião do tráfico apreendido, a ANAC monta uma comissão para analisá-lo. Estamos de olho na segurança, mas não é possível que um bem de um milhão de reais que fazia voo internacional toda semana apodreça só porque não tem um papel carimbado. A ANAC coloca três mecânicos, para os três dizerem se o avião está apto para voar, e está ali o horímetro para ser analisado, ou se não tiver horímetro eles vão estimar a hora do motor e fazer um plano de revisão dali para frente. Agora, o avião não vai ficar mais no chão apodrecendo. E como encontrar o dono do avião para ir acompanhar a vistoria? Eu falei ‘publica no Diário Oficial’. Foi publicado. Ou seja, todas as dificuldades estamos procurando superar, resolver. Nós arranjamos solução para tudo.

E no futuro? Aviões de traficantes são apreendidos praticamente toda semana. E outras companhias aéreas podem deixar aviões no chão, tornando-os novas sucatas.
Estamos muito preocupados com isso e já estamos trabalhando. Já tivemos uma reunião de uma comissão à parte, convidamos notáveis de todas as áreas para participar daquela que eu chamo de Comissão de Alto Nível para fazer um projeto de lei que me foi encomendando pelo Ministro da Aviação Civil, Wagner Bittencourt. Qual é a idéia? Estamos limpando os aeroportos, tanto dos aviões grandes como dos pequenos, estamos virando esta página da história do Brasil. Mas, e daqui pra frente? Nossa preocupação é fazer um projeto para que a aeronave, quando tiver qualquer tipo de problema jurídico, já estamos inclusive estudando a legislação dos outros países, o projeto diga o seguinte: avião com problema jurídico de qualquer natureza, pode pousar no aeroporto onde quiser, mas ele vai ser imediatamente removido de Congonhas, por exemplo, para um outro aeroporto. Estamos criando no Brasil o que nós chamamos de aeroportos de referência. São aeroportos grandes mas de menor densidade de movimentação e que vão ter uma área preparada pela Infraero para parar esses aviões com problemas e eles não vão apodrecer ali, vai ser um estacionamento provisório, a lei vai dizer que durante seis meses ele fica parado ali e é o tempo que estamos dando para o proprietário ou algum interessado conseguir fazer aquele avião voltar a voar, juridicamente falando. Obter uma licença, uma liminar, caçar liminar etc. Agora, se ele não resolver, a Justiça vai fazer uma venda antecipada do bem. Antecipada porque o processo ainda não terminou. Ele vai ser vendido como avião ainda aeronavegável e ter um preço decente.

(Como cidadãos brasileiros, teremos a obrigação de cobrar de nossas autoridades que essas ideias realmente se tornem realidade!)

O senhor é piloto, não é? Tem avião?
Minha carteira é CPR (Certificado de Piloto de Recreio), para aeronave experimental, mas é uma delícia pilotar esses aviões (risos)! Meu avião é um ultraleve avançado Pelican, em fibra de carbono, tem piloto automático digital de três eixos, forno elétrico, geladeira, acesso a internet, DVD, voa a 100 nós, tem motor Rotax 100, dois GPS...

Deseja acrescentar mais alguma informação?
O programa Espaço Livre – Aeroportos tem ainda uma terceira frente de atuação que é pegar os processos da Infraero que estão emperrados. Já demos celeridade em mais de 100 processos que envolvem segurança e infraestrutura aeroportuária. Como o da ampliação das pistas de táxi de Guarulhos, este era um processo que estava com uma carta precatória para ser cumprido por outro Estado e essa carta não voltava, a Corregedoria Nacional foi lá, perguntou para o Juiz porque estava demorando, tinha ido para outro estado, fomos lá naquele estado perguntar porque estava demorando... ah, então devolve... e a coisa andou. Cem ações da Infraero que aceleramos para que o Brasil não fique refém de processos judiciais. Eu saio do CNJ agora em setembro, quando termina meu período de convocação de dois anos, e espero que o outro juiz que ficar no meu lugar consiga também tocar o Programa, já bem estruturado inclusive com a criação de um Manual de Bens Apreendidos, patrocinado pela Infraero, feito para distribuirmos aos juízes e orientá-los a se desfazer de qualquer bem, inclusive dos aviões.

(Essa entrevista mostrou, principalmente, que para tudo tem jeito e em muitas vezes as melhores ideias partem de apenas uma pessoa mas quando outras resolvem se juntar para todos se engajarem, os problemas realmente se resolvem. Parabéns ao Dr. Marlos pela iniciativa, e também esperamos que seu substituto olhe com carinho para o Programa Espaço Livre – Aeroportos e também arregace as mangas!)

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10/08/2012 17h48 - Atualizado em 10/08/2012 19h14

Resgate bloqueia Corredor Norte-Sul e suspende pousos em Congonhas


 


Avenida Washington Luís ficou fechada por cerca de uma hora.
De acordo com bombeiros, homem subiu em torre perto de Congonhas.


Do G1 SP
Uma operação de resgate conduzida pela Polícia Militar (PM) e pelo Corpo de Bombeiros levou ao fechamento do Corredor Norte-Sul e suspendeu as operações de pouso no Aeroporto de Congonhas por cerca de uma hora nesta sexta-feira (10). Entre 17h30 e 18h30, um homem esteve no alto de uma torre perto de Congonhas.

Após operação do Corpo de Bombeiros, o homem foi convencido a descer. Ele é policial militar afastado do serviço por problemas psiquiátricos. Pouco antes das 18h50, amarrado a equipamentos de segurança, o homem foi retirado da estrutura e levado para um hospital para exames. O Corredor Norte-Sul, que na região leva o nome de Avenida Washington Luís, ficou bloqueado em ambos os sentidos durante todo o período.
Às 19h, o trânsito na capital paulista estava acima da média e era de 220 km, de acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).  O índice é inferior ao recorde histórico de 295 km, registrado em junho.
Durante o bloqueio, o tráfego no sentido Centro da Avenida Washington Luís,  foi desviado para a Avenida Jornalisa Roberto Marginho (sic). Aqueles que seguiam no sentido bairro eram desviados para a Avenida dos Bandeirantes.

Pousos desviados
 
De acordo com a Infraero, Congonhas fechou para pousos às 17h37 e ao menos oito voos foram alternados para aeroportos da região. A Infraero informou que os pousos foram liberados às 19h.
Segundo a estatal, a torre na qual o homem subiu se chama ILS e também é conhecida como Torre de Aproximação. Ela serve de guia e referência para os aviões que pousam no aeroporto. Ela fica na parte externa do aeroporto.

(Fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2012/08/corredor-norte-sul-e-interditado-para-operacao-de-resgate.html)

Há algo estranho nesse texto, no que eu negritei...

O correto é torre ALS, de Approach Lighting System (sistema de luzes de aproximação) e não tem nada a ver com ILS (Instrument Landing System, sistema de pouso por instrumentos)...

Falhas de redação à parte, quem nunca sonhou em subir lá em cima como o cidadão fez? Eu, por exemplo, adoraria... mas eu não tenho problemas psiquiátricos!
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23/08/201213h41

Mulher dorme (muito!), vai do Paquistão para a França, não desce do avião e volta para o Paquistão


 


Do UOL, em São Paulo
Isso que é sono! Uma francesa ficou durante 18 horas dentro de um avião após "perder o ponto" em Paris, capital da França, em voo que saiu de Lahore, cidade do Paquistão, o voltou para o mesmo local do país asiático.
Patrice Christine Ahmed, casada com um paquistanês, saiu de Lahore ao meio-dia da última terça-feira (21) e acordou na madrugada de quarta (22) no mesmo lugar.
Pior: ela só percebeu que não estava na França quando deparou-se, ao descer do avião, com serviço de migração paquistanês!
A Pakistan International Airlines (PIA) investiga por que tripulação não percebeu que Ahmed não descera em sua cidade de destino.
A francesa conseguiu outro voo para Paris, mas a companhia aérea negou-se a arcar com os custos da passagem extra. Há quem diga que os organizadores de alguma festa que a francesa participou antes de viajar deveriam pagar o ticket.


Já vi acontecer isso em ônibus, mas em avião...
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“NOSSAS PRINCIPAIS SEÇÕES”



DIRETAMENTE DOS NOSSOS “ARCHIVOS”


Anúncio da Pan American de dezembro de 1954

 


 


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NOSSA NADA MODESTA COLEÇÃO DE PÉROLAS VOADORAS


(Erros da imprensa que capturamos por aí. Vamos contar os pecados, mas vamos manter sigilo dos pecadores...)

 

A Pérola da imprensa não-especializada em 21 de abril de 2008 (TV 8)

 

Um Fokker 100 da Ocean Air fez um voo forçado hoje cedo em Cuiabá.

Não, ele não foi seqüestrado, o voo não foi forçado, mas o “pouso”, sim.... 

 

 

A Pérola da imprensa especializada em dezembro de 2010 (revista 01)


“Boeing chega ao seu 900o. jato. O fabricante americano entregou sua aeronave de número 900 à Ethiopian Airlines. Este foi o primeiro jato recebido pela companhia, dos cinco encomendados à Boeing desde 2009. O escolhido foi o 777-200LR, de alcance ultralongo, que será usado para fazer voos sem escalas entre Washington, nos EUA, e Adis Abeba, capital da Etiópia. Com isso, a companhia etíope se torna a primeira empresa da África a operar aviões de longo alcance.”

‘Péra aí... Dizer que a Boeing entregou até hoje apenas 900 jatos é dose... se ela fabricou só de Boeing 727 mais de 1.800... na verdade, foram 900 Boeing 777 até agora...



A Pérola da imprensa especializada em dezembro de 2010 (revista 01)


 


“Por enquanto, a maioria das empresas ainda utiliza o Boeig (sic) 747-400 como sua maior aeronave, excetuando-se Air France e Lufthansa que já receberam quatro e três exemplares, respectivamente, mas que ainda voam com os Jumbos da Boeing.”


“Quatro e três aeronaves” de QUAL modelo? A matéria é sobre empresas aéreas recordistas em frota e o trecho acima é o quarto parágrafo da matéria.
“Quatro e três” se referem ao Airbus A380 mas em nenhum momento, até então, essa aeronave foi citada. Ou seja, se o leitor não conhecer e acompanhar bem a aviação, ,fica sem saber que se refere ao A380."



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VEM AÍ: RANKING DAS EMPRESAS AÉREAS QUE PIOR ATENDERAM A IMPRENSA EM 2012, INCLUINDO ASSESSORIAS TERCEIRIZADAS E PRÓPRIAS.

VAMOS RELACIONAR AS EMPRESAS QUE MAIS CRIARAM DIFICULDADES NA HORA DE DAR INFORMAÇÕES, OU MESMO NEM AS PRESTARAM, OBRIGANDO A REPÓRTER QUE VOS ESCREVE (ENTRE OUTROS PROFISSIONAIS DA ÁREA) A CORRER ATRÁS DE OUTRAS FONTES, ALGUMAS NÃO-OFICIAIS.

AGUARDE!
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N O V I D A D E S

A revista LABACE HOJE, única oficial da segunda maior feira de aviação executiva, que circulou com os visitantes durante os três dias da feira, foi sucesso de público e de crítica, contendo  reportagens inéditas, a história da Labace, mapa da feira, relação dos expositores e das palestras (serviço) e fichas técnicas das principais aeronaves expostas.
Um trabalho de quase quatro meses muito bem elogiado. Elogio que, claro, reparto com louvor com toda a equipe de Flap Internacional, dos recepcionistas e telefonistas às secretárias, diagramadores e fotógrafos e à minha colega Maria Helena Mele, subcontratada por mim para “estagiar” na área.

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